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Como se aprende uma língua?


Quando somos bebês, aprendemos naturalmente a partir dos estímulos dos pais e familiares que nos acompanham. A partir de repetições, apontamentos, uma linguagem mais “infantilizada” e com associações. Assim, nós somos expostos ao processo de aquisição, pois não passando necessariamente pela exposição direta da gramática. Mas sim, internalizamos a gramática pela construção das frases e períodos. Isto pode ocorrer tanto em ambientes monolíngues quanto bilíngues.

Já a aprendizagem de uma segunda ou terceira língua, o que geralmente já vai ocorrer em uma instituição de ensino, seja ela na escola regular ou em um curso de idioma, dependendo da idade, não vai ser da mesma maneira que no ambiente familiar. Na maior parte dos casos, o estudante já é apresentado a alguns tópicos gramaticais e ao vocabulário, que vai aumentando na medida que muda de nível.

Porém, quando somos expostos a outro idioma, o que realmente nos faz aprender é quando entendemos a lógica de como esta língua se organiza. Cada qual com suas particularidades. Por isso que é de fundamental importância termos um bom conhecimento de nosso próprio idioma, isto nos auxiliará bastante.

Quando comparamos o português com o espanhol, como são línguas “irmãs”, pois ambas são originadas do latim, passa-se a impressão de que é muito mais fácil de ser estudada. Neste contexto existem duas repostas: SIM, quando nos referimos ao aspecto lexical, onde diversas palavras se assemelham a nossa língua (até determinado ponto). E NÃO, uma vez que o espanhol passou por influência de outras línguas presentes na Península Ibérica, inclusive o árabe, uma vez que este grupo permaneceu por mais de cinco séculos na região. Além disso, o espanhol apresenta construções de palavras e pronúncia que não existem no português, como o “L” final das palavras e o “D” mudo como em ciudad (que não constrói uma sílaba seguida de uma vogal, como em português. Pequenos detalhes que interferem na pronúncia de diversos falantes do português brasileiro.

No francês, outra língua “irmã” do português, encontramos mais mudanças, uma vez que esta língua também teve influência, principalmente no Norte do país, de anglicismos, inclusive palavras que provem diretamente do alemão. Dois aspectos chamam muito a atenção para ao falarmos este idioma, a construção da forma negativa e a construção dos números. Sem compreender a lógica que cerca estes aspectos, se sempre precisarmos “traduzir” do português para o francês mentalmente ao tentarmos nos comunicar com alguém, será algo frustrante.

A negação de uma frase em francês, de forma geral, é construída por duas partículas que são colocadas no início e no fim do verbo utilizado, por exemplo: je NE parle PAS anglais. (o verbo encontra-se em negrito). Esta estrutura não existe na língua portuguesa. Já nos números, a partir de 70, temos meio que construir uma conta, 60+10 = 70 (soixante-dix), 60+11 = 71 (soixante et onze) e assim por diante. Quando chegamos a 80, a conta para algo semelhante a uma multiplicação, 4X20 = 80 (quatre-vingts), 4X21 = 81 (quatre-vingts-un). Para dizermos 90 o cálculo é semelhante a uma multiplicação, mais uma soma 4X20+10 = 90 (quatre-vingts-dix). Caso o estudante não compreenda como se dá esta formação, irá se confundir muito na hora de compreender e se comunicar utilizando os números.

Em alemão, podemos também falarmos sobre alguns aspectos que auxiliam na aprendizagem deste idioma muitas vezes tão temido por algumas pessoas. Os substantivos são escritos com a inicial maiúscula, como: Tier (animal), Haus (casa). Outro aspecto é que na construção dos números, onde necessitamos ler de maneira invertida a partir de 21 (einundzwanzig – um e vinte – lendo ao pé da letra), 31 (einunddreizing), 41 (einundvierzing) e para anos, invertemos a última dezena, 1987 (eintausendneunhundertsiebenundachtzig).

Nesta perspectiva, para aprendermos uma língua de forma efetiva, devemos compreender a lógica de sua organização. Compreendendo sua estrutura gramatical (para construirmos os períodos) e ampliando o vocabulário (para os diversos contextos comunicativos), além de identificar seus aspectos morfológicos e sintáticos para podermos produzir frases coerentes e coesas.

Ótimas dicas são: ler livros, jornais (o que ainda é a MELHOR maneira de adquirir vocabulário e aprender, de maneira indireta, a gramática do idioma), ver filmes, séries (sejam com ou sem legenda, dependendo do nível do aprendiz), escutar ou acompanhar músicas, audiolivros e podcast (para pegar o ritmo do idioma alvo), tentar se comunicar com alguém que saiba ou esteja aprendendo o mesmo idioma e ter contato todos os dias, ou seja, se expor à língua de diversas maneiras diariamente e não só na aula. Você também deve manter uma rotina de estudos e utilizar materiais especialmente desenvolvidos por profissionais da área para tal finalidade.

Um ponto importantíssimo é que uma língua se aprende SEMPRE, não existe receita miraculosa para aprender um idioma em 24h ou seis meses. A não ser que sejam diálogos básicos em contextos específicos. No entanto, dominar um idioma a fim de desenvolver as quatro habilidades nos diversos contextos comunicativos é necessário de anos e seu aprimoramento é no dia a dia.